Eli Antonelli/Brasis Comunicação
ENCONTRO PROPÕE DIALOGO ENTRE PODER PÚBLICO E COMUNIDADE DE TERREIRO EM CURITIBA
Pela defesa das religiões de matriz africana, caminhada pelas ruas de Curitiba |
ENCONTRO PROPÕE DIALOGO ENTRE PODER PÚBLICO E COMUNIDADE DE TERREIRO EM CURITIBA
De 26 a 29 de janeiro Curitiba ocorreu o II Encontro Paranaense das Religiões de Matrizes Africanas e Saúde, com o tema “Enfrentando as Vulnerabilidades” O objetivo do encontro foi integrar gestores públicos com líderes das comunidades de terreiro, representantes de movimentos sociais e sociedade civil possibilitando identificar as necessidades pontuais dessa população fomentando a construção de políticas públicas que atendam suas demandas.
Ogan Luiz e Ogan Flávio participam da caminhada contra intolerância |
O coordenador do Fórum Paranaense de Religião de Matriz Africana – FPRMA-PR Marcio Marins afirmou que a presença dos gestores públicos municipais, do Governo Estadual e do Governo Federal fortalece a discussão com os povos de terreiro conhecendo suas necessidades e permite uma expectativa de resultado efetivo.
Lançamento Campanha
Durante o encontro ocorreu o lançamento da campanha com o tema” Democracia, paz, religião, respeite”, que tem como foco reconhecer as diferenças, superar a intolerância e promover a diversidade. A coordenadora do Comitê Nacional da Diversidade Religiosa Marga Store da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República apresentou a proposta da campanha lançada pelo governo federal. O material está divulgando, o membro do Comitê Marcio Marins propôs que além do público em geral, a campanha seja direcionada aos gestores públicos na redes de educação e saúde. A proposta foi acatada “A partir disso, decidimos fazer capacitação para os profissionais, pois não basta a entrega do material é preciso criar e fortalecer a conscientização sobre os crimes de intolerância”, diz Marga.
Ogan Carlinhos toca com grupo africano durante a caminhada contra intolerância |
Importância das Conferências
Para o representante do Ministério da Saúde Rui Leandro, encontros como esse impulsionam as ações governamentais. Ele cita a realização das conferências como instrumento de relação entre governo e sociedade civil organizada “Tivemos em 2011 a realização da 14ª conferência nacional de saúde. Nós que somos da área, sabemos dos avanços na construção de políticas que vem ocorrendo a partir desses encontros”, diz. Foram 4400 encontros municipais e 27 Estaduais. O assessor destaca que um dos resultados importantes foi a inclusão na Carta Política da Sociedade Brasileira da implantação da Política Nacional de Saúde da População Negra.
Mapa da Intolerância identifica situações críticas
Durante o encontro o coordenador do Coletivo de Entidades Negras – CEN Marcio Alexandre Gualberto fez a última apresentação do Mapa da Intolerância Religiosa lançado em maio de 2011. A ação visa identificar as principais ocorrências de intolerância no Brasil. O mapa será lançado anualmente. Como resultado é possível identificar as situações críticas que sofre a população de terreiro. O CEN articulou a proposta e contou com a colaboração de várias terreiros e entidades.
As situações levantadas não se refere apenas à comunidade de terreiro. “Ampliamos o foco para demostrar as situações de intolerância nos últimos 10 anos. Identificamos casos emblemáticos como situações vivenciadas por adeptos de várias religiões”, diz
O coordenador cita o exemplo de um sacerdote da religião mulçulmana. Após o ataque na Escola de Realengo no Rio de Janeiro, ele passou a sofreu perseguição e ameaças nos ônibus e metrô do Rio de Janeiro “Ele veste uma roupa característica da religião e carrega consigo uma maleta prata constantemente. Quando houve o ataque de Realengo a mídia mostrava intensamente a imagem do assassino de barba, vinculando aos árabes. Isso bastou para excitar a intolerância, causando situações de revolta pelo simples fato do sacerdote tem uma aparência semelhante ao criminoso”, conta.
Ogan Marcos, jornalista Eli Antonelli, Ogan Carlinhos, Ogan Marcelo, Ogan Luiz e Ogan Robson no preparativo para caminhada em Curitiba |
Proposta de soluções
Marcio Alexandre destacou ainda, que a proposta agora é apresentar soluções para o combate da intolerância a partir dessa identificação. Uma delas seria a realização de conferência nacional, estadual e municipal debatendo junto, poder público e sociedade, além de contar com a presença de adeptos das religiões que discriminam o povo de terreiro. Outra proposta é a capacitação dos agentes públicos e ainda a intensificação do trabalho com a lei 10.639/2003 que trata do ensino da história da África e cultura afro-brasileira nas escolas. Outro ponto apresentado seria a implantação das Delegacias de Combate a Intolerância Religiosa, que já existe no Rio de Janeiro. E a criação de um centro de combate à intolerância junto as Secretarias Estaduais de Direito Humanos.
Próximas discussões
O encontro finalizou domingo (29). No sábado das 10h às 12h houve uma caminhada contra intolerância religiosa. O povo de santo saiu às ruas de Curitiba no percurso da Rua João Negrão até o Calçadão da Rua XV de Novembro mostrando sua arte e sua fé.
Para o presidente da Associação de Ogans Carlos Augusto a ação cumpriu seu objetivo “A proposta foi chamar a atenção da população para a realidade de discriminação e intolerância que sofre a população de terreiro constantemente. Ações como esta nos fortalece e faz com que as pessoas nos percebam. A origem do preconceito é sem dúvida a falta de conhecimento do que é a região de matriz africana”. diz.
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